sexta-feira, julho 25, 2008

TEMPO = ARTE

Dia-fora-do-tempo
Foi no sol à pino, uma estrada e o espirito jovem e aventureiro que se debate no mundo com sede de êxtase. Desconhecidos íntimos, rumo ao horizonte. Aqui somos completamente confiáveis afinal ninguém tem mais nada a perder. Inconsequêntemente felizes, caminhando avante a libertação, em busca de uma felicidade excessiva que nos baste de alguma forma, ao alívio de que existe um lugar em que o mundo é diferente. Enfrentando qualquer obstáculo com a garra de alguém que acaba de nascer e tem sede de vida, crianças em busca da própria história, em busca de conhecimento, de mundo...Os dias passam, a felicidade vem sem cerimônia, toma todos os rostos, há confiança no ar, companheirismo, mesmo entre "desconhecidos" , era só um mundo como deveria ser.Tinham tantas coisas que deveriam ser feitas, aproveitadas, observar o simples, sentir cada segundo maravilhoso do seu dia, da sua vida, sentir a respiração, mente e corpo, no dia-a-dia não conseguimos tal façanha tão facilmente porque TEMOS muitas coisas a fazer. Era muita areia pra pisar, muito sorriso pra sorrir, muita coisa pra viver e muito sonho pra sonhar. Certos momentos ficam cravados na alma e de tão bons dilaceram o coração. Enfiava-se a mão na areia e sentia-se toda aquela textura, todos aqueles grãos que vão escorrendo entre os dedos, é um querer sentir tudo que é vivo. Tateia, deleitando-se, a ilha viva, leva-te anéis, apego, sanidade. Estar lá na imensidão do mundo diante de si com a felicidade transbordando ao peito subindo a face como vinho quente, aqueles sorrisos sinceros que iluminavam os rostos de quem sorria e o coração de quem sorria de volta, eramos de poucas palavras, porque não precisavam ser ditas subentendia-se nos olhares, e as que eram ditas sempre tão amorosas e de sabedoria, como quem descobre algo novo e quer compartilhar, um universo paralelo, era um sonho, sonhado.O sol é tão bonito, deixa as cores vivas, a alegria, a brincadeira e a ausência de gosto da água que me escorria a boca, dissolve-me e me transforma. É o paraíso para todas as direções que se olhe, ir embora machuca. Acabou sim, mas ficamos lá ainda alguns dias...e como dói lembrar dos últimos dias, parece que está acabando denovo. O corpo já exausto de danças à luz da lua. Já não importa onde se dorme. Já não importa o que se come, até goiabada vira catchup, como na terra do nunca inventa-se o gosto que quer sentir, a criatividade vive, mágicas, acontece só porque todos acreditam. Pessoas felizes vivendo um sonho do qual não queriam acordar, se amando, presentes, lembranças, eternas em corações. Juras de amizade, abraços firmes, beijos sinceros, amor por dar, sem cobrar nada em troca. Na última noite, cabeça se encosta na cabeça, deita-se na areia mesmo, faz-se carinho como numa criança para afagar seus medos. Já faz tanto tempo que viajam juntos, já é família, tem um elo e você sente esse elo bem no meio do peito e ele pulsa, como um pacto. As estrelas caem como chuva, e a gente estático, olha...e são muitas, tantas que quando se está hipnotizado por elas parece que você está quase lá pegando em alguma, eu sinto o gosto das estrelas na boca ainda, e o gritinho de felicidade quando elas se mechem inesperadamente, é a sensação de infinito.Aí você vê que algumas pessoas já se libertaram de si, seu eu inunda-se de você sem pré-conceitos, se escutando e descobrindo a êssencia, o canto que se canta junto que emana força, a risada que se ri bobamente com a verdadeira alegria... a de um bobo.Mas acabou e lá vamos nós alegremente, porque quem vai alegremente não pode estar errado, mesmo com a culpa do pecado, mas como eu amo o pecado, e se segue mesmo cansado, cansado de ver que nada aqui fora mudou, mas segue-se, mas não sem mais uma emoção de sair pela estrada, conhecendo à vossa maneira o que o mundo tem pra mostrar...
uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida.
(festival fora do tempo do ano de 2006)

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