sexta-feira, outubro 30, 2009

muito fêmea.

É nesse emaranhado de conquistas vãs e contínuas que queimamos sutiãs como forma de revolução, protesto e aspiração da liberdade para depois nos iludimos com a sedução e alienação do silicone...
É com tal indignação, sufocante, que me pergunto: Como seria o feminismo pós-moderno? Queimar os seios em praça pública?
Talvez...
é de uma nova revolução que precisamos!

quinta-feira, outubro 29, 2009

Lolypop

Triste é aquele que não destrói o mundo, com apenas um olhar de brilho e palavras sádicas, de risadas compulsórias.
Triste daquele que não é criança, nem tem o poder de ser, aquele ser oco e assintomático, são...
Porém mais triste ainda quem não consegue ser por mais que tente, por mais que queira, pois já foi engolido, por sistemas brutos, por demasiadas preocupações: com corpo, com o que irão dizer...
Triste daquele que tenta e morre na praia sendo apenas uma procriação repugnante da mídia.
Ah mídia! tu que deverias e não fodes com o mundo! Devemos a ti e a tua misoginia esse caos de um mundo maldito: infantilização do sexo, pedofilia, bundas, plástico humano, anorexia, ditadura da moda, do sexo, tendencias, fantástico, anestesia, anfetamina, academia, coca-cola, marlboro light, silicone, botox, lipo, chapinha, salto alto, piercing no clitoris, playboy...santa barbie! mais plástico nesse ser orgânico de tanto câncer e cólera!
E a hipócrita moral ainda a nos rondar com seus olhos esbugalhados, julgando aonde vamos, o que comemos, o que bebemos, o que fumamos, o que usamos e com quem transamos.
Falsos adornos que tentam cobrir a tua velha crueldade.
Por isso grito: Matem as invenções da mídia!

"Todos sangramos no altar secreto dos sacrifícios, todos ardemos e nos assamos em honra dos velhos ídolos.(...) Quebrai, quebrai, meus irmãos, essas velhas tábuas dos devotos! Aniquilai as palavras dos caluniadores do mundo!" Nietzche

quarta-feira, outubro 28, 2009

mais um capricho infantil do desejo intrínseco

Disse-me certa vez tal putrefata língua que escrevo apenas para definir-me...que seja então!
Se não o fizer quem fará? Que respota darei a esse ego denso que clama por respostas nulas. Somente por algo que afague essas reticências catastróficas que ecoam infinitas: em um título indizível, num maldito parágrafo incompleto, sem nexo.
O eu pulsa nesse lugar de ninguém por respostas minhas, que me deêm o luxo de entender pelo menos um pouco dos porques da cólera, do caos, desse rotineiro pulsar que não me livra a cara.
...e o que sou se não essa criança, esse autismo que criei sempre iniciado por reticências. Eu quero é isso reticências gritantes!!
Nesse meu devaneio singular, perplexo, livre de qualquer molde, expressado por linhas faciais, imagens, sombreamentos e espessas ilusões, estupidamente consistentes, sou propagando-me no infinito em porções imaginárias, onde não existe o limite do 'possível'.
Se ouvir o eu saberá que a razão é falha e o pensamento trilha por joguetes sem sentido, perpetuando-se no impossível. O eu anda a sussurrar, a transbordar pelos poros, a pedir, mas os adultos orgulhosos não se permitem escutar. Não martirize meu capricho infantil de um intenso desejo intrínseco.
O que sinto permanece como um embaraço entranhado de longínquas descobertas, tortuosas imcompreenssões e desespero vulgar...o sexo dando contorno a essência, abstrata, de infelizes incógnitas...para propor....a cópula não convencional?
É somos nós crianças que fodemos com o mundo, enquanto os adultos soberbos, orgulhosos e destemperados preocupados pela dificuldade da própria auto-denominação, superação e surtos provocados pela falta de excessos procuram um buraco ou membro rijo para descarregar sua ordinária crueldade.
Sim, há em mim uma pitada qualquer de devaneio, mas não é assim que são os autistas, artistas, hipocrondríacos e as crianças? Por isso! Sou um pouco de tudo isso, então deixem-me brincar de eu em paz!

ir


'A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas,
E ir...
ir...
ir de vez!!!'











( pic: twiggy)

...

"Mas não creio que as margens sofram por deixar o rio correr, ou a Terra por causa da sua chuva, ou do átomo que descarrega sua energia....tudo tem uma compensação mútua"

quarta-feira, outubro 21, 2009

Adorno de vulgaridades, minhas.

...e lentamente era roubada pela noite que transboradava em seus delicados poros e escorria pelas linhas faciais sinuosas até encontrar a boca onde o sal deixava seu suave rastro.
Muniu-se daquilo que tinha ao alcance das mãos e subiu ligeiramente as escadas com tal intensidade que sentia seu gélido sabor na ponta dos pés descalços. Do alto pôde ver tudo aquilo que não enxergava, seria seu amparo seguir de mãos dadas consigo, no aconchego e solidão de si. Logo dona do seu próprio caminho que se abria ali diante dos seus olhos em cores fortes.
As gotas de chuva começaram a tanger seu corpo como numa melodia, foi no inconsciente que floriram os primeiros passos de dança, aqueles que vem carregados de si, prosseguiram em êxtase transcendendo tudo aquilo que queria expressar e no entando falatavam palavras. A pele arrepiada era esquentada pelo calor do músculo cardíaco que no momento pulsava em vontades de sinapses ultravelozes.
Sentiu a água escorrer, caminhou com os pés molhados deixando o rastro chuvoso que tanto significava: lembranças, sentimentos, confusões e conclusões. Ah! chuva...sempre sua companheira nos momentos mais difíceis e mais especiais, verdade seja dita!
Se embrulhou no seu cobertor nada convencional, cheio de cores e bichinhos, encolheu-se como uma criança que busca proteção, tentou apagar da imaginação qualquer coisa que desse medo ou angústia e tentou lembrar das que traziam coragem e certezas para que o momento se tornasse suportável. Porém apesar de ter tentado arduamente se perdeu em pensamentos e sentidos... Era uma luta vã contra ela mesma com uma angustiante sensação de 'erro'.
Era tudo uma questão de falta, que levava a um adeus imprudente, um caminho que por mais que tentasse não saberia dizer se realmente o trilhava.
Justo quando se acostumou com a idéia da falta de sentido, quando compreendeu que tudo não passava de uma sucessão de movimentos pelos quais as coisas se transformam, que escorrem densos e intensos, logo efêmeros. Foi que percebera que caira na prórpia armadilha novamente. Mas sentiu-se fortificada por conseguir entender tudo de tal maneira quase que: leve. Mesmo com todos os fatos, esses gritados com sólidas verdades, onde a rota não nos permite devaneios. Soube que há um sabor e cheiro de mofo, rançoso e obscuro, que nunca compreendeu e pesa: pelo tempo, pela persistência do desejo, esse insistênte, pela estabilidade, pela troca, sáliva e olhar. E nem por isso deixa/deixou de ser pra lá de duvidoso...
Procurou aquilo que poderia ser empírico: de certezas a deitar olhando o teto, desligar o despertador, sem se preocupar com o tempo que corre ou talvez algo mais profundo como hospedagens mais longas...Mas escolheu goles quentes, doses extras para esconder o peso das permissões não sugeridas porém adquiridas. Puniu-se por esse maldito lapso de falta de personalidade o qual não perdoaria, não se perdoaria por tal luxo, nem em um milhão de anos! Mesmo assim sabia que faria novamente.
Ao acordar teve a certeza incerta de que não haveria paraísos em sua caminhada: punitiva, delirante e de catástrofes contínuas. Afinal sabia que todos são compostos de água, corrente, calor e sinapses nervosas. Somos carregados de fluxos, sentimentos - esses espalhados em ventanias soltas - mudanças, confusões, vulgaridades e adornos que a escondam.

hard days.

Have you ever been in a fight?
I don't wanna die without any scars.

sábado, outubro 17, 2009

'Amor é bicho instruído
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.'



...e o mundo não para que ela cate os pedaços...

segunda-feira, outubro 12, 2009

Namorado:

'Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não renumeradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, de saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.
Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil, mas namorado mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda, decidida, ou bandoleira: Basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem um amor: é quem não sabe o gosto de namorar. se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim pode não ter namorado.
Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho, quem acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugida ou impossível de durar.
Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinho escondido na hora em que passa o filme; de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinicius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar, de gargalhar quando fala junto ou descobre a meia rasgada; de ânsia enorme de viajar para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer sesta abraçado, fazer compra junto.
Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosque enluarado, ruas de sonhos ou musicais do metro.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de o seu bem ser paquerado.
Não tem namorado quem ama sem gostar, quem gosta sem curtir, quem curte sem aprofundar.
Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim-de-semana, na madrugada ou no meio-dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir com ele.
Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo. Se você não tem namorado porque descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e de medo, ponha a roupa mais leve e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras, e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo da sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fadas. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria. Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. Enlou-cresça.' Drummond.

terça-feira, outubro 06, 2009

oops!


i did it again!

domingo, outubro 04, 2009

Clave de Sol
















"Como é que eu vou poder cantar,
se minha dor está envergonhada,
está fora de moda,
está parada pra pensar.
Como é que vou contar as minhas tristezas, se elas estão
tão enroladas, que eu nem mesma sei.
O que foi que restou da minha vida?
Onde estão as minhas magoas?
Onde é que eu estou?
Será que eu vou ter que cantar as tristezas dos outros?
tendo tantas que são minha..."