sábado, julho 24, 2010

Carta à mediocridade

Toda precaução foi vã, todas atitudes tomadas antecipadamente de nada adiantaram, é como sofrer por antecipação. Minha espera era sobre aquele sim predisposto que não declararia guerra, mas o zodíaco afima e esclarece características, revelando os velhos pretextos subjetivos.
Tens consciência da sua essência antes mesmo dos palpáveis e sonoros fatos.
É aí que confundem a filosofia com os milagrosos livros de auto-ajuda, fé e determinação com religião/doutrina, afogando-se intimamente. Não há auto-ajuda que baste para mediocridade. Ainda por cima devo aguentar os canais televisivos, manchetes e a mídia, tentando moldar, como quem vende um atídoto para falta de inteligencia e personalidade, nesses ordinários roteiros maniqueístas. Estão perdidos em consistêntes contextos de porra nenhuma, sem saber o que são, pra onde vão... e A personalidade esvai-se no cotidiano corrido, no badalar das horas. Ainda tem a 'moral da história', o bem, o mal, e toda essa palhaçada que não leva em conta o ponto de vista, as mil personalidades existentes, que muitas vezes habitam um só corpo. Querem apenas julgar a vida alheia inescrupulosamente e principalmente o mal alheio, sem querer saber se o bem não exige uma eterna negação de si. Pra onde quer que eu vá eu me deparo com vítimas domesticadas, auto-afirmação e filosofias furadas sobre os tabus do universo.
Tentar inovar é para poucos, revolução, o diferente aqui é tachado como impossível ou terrorismo (poético), nos privam pelo medo. O absurdo sim, esse é considerado normal, rotineiro, como o semáforo vermelho carmim que escarra nossa podridão no meio de crianças sujas e malabaristas com olhos grandes, cansados, tristes... O mundo está frígido! É melhor viver a plasticidade do shopping, do que a  verdade que há por trás do concreto, do'muro'. Não sei se esse mundo aguenta muito tempo, já foi diagnosticado câncer, de metástases velozes. As pessoas continuam a desperdiçar vida, desejos, plástico e a adquirir psiquês, doenças, friezas, competição!
Estou falando em ultrapassar limites, ousar, por prazer, por sede, crescimento. Portanto, Poupe-me dos teus mil fracassos, já antes esperimentados, das tuas vontades previstas sem atitudes, do teu egoísmo, quando sei que pode mais pois a terra é fétil, não importa a situação quando se quer.
Ame suas rugas e os calos nas mãos, deixe molhar os olhos pelas conquistas e as sensações, chega de pudor, medo, receio...tente o novo, desconhecido, inóspito e renasça das cinzas como a fenix recheado de um novo eu. Podemos semear fúria, moléculas questionadoras. A voz é movimento e movimento é corpo. Dê valor ao que tens, a juventude invisível que pulsa em tua veia, a palavra depositada no espaço, o movimento, a mudança.
Lembre-se que as ternuras não são eternas, muitas vezes são duras, nem por isso deixam de ser. As desventuras são impares, ninguém disse que era fácil, é preciso um foco, objetivo, que não deve ser desviado por conclusões precipitadas, na terra dos sonhos tudo é possível. Tenha certeza a loucura é a que cura, o resto é vício, desconfie da esperança e não se enquadre, transborde.
E o amor... o amor é animal, instintivo, se espalha com o vento e se adapta, pois é maior que um. O sexo é cheiro,secreção e não um colorido conto de fadas. Não há nada mais vergonhoso que o pudor. As nostalgias e arrependimentos viram fato novo, sendo que o último encontra-se sempre perto dos ressentimentos! apague! Que os erros e falhas mostrem o caminho do acerto. Não negue-se, aceite, deleite-se. Questione! se encontre. 'Se não encontra razões para ser feliz, invente-as, seja criativo' e da infantilidade use a risada, o choro, a travessura, a rima desritmada. Sobretudo tenha força, pois a vida pesa, porém seja leve para carregá-la sem desmanchar. Jogue-se no acaso, desprenda-se do óbvio.
Se sente-se atacado por minhas palavras lembre-se atacar exige ser atacado. E se o amor e ódio caminham de mãos dadas: ame as entrelinhas. As palavras devastam, intimamente, não são mera auto-ajuda.





Várias coisas, numa coisa só.

sábado, julho 17, 2010

Serena, talvez...mas posso ser também sisuda, soberba.
Só a insanidade é sã, picante, sincera.
Sou. Sentidos? transbórdo.
Sublime sinuosidade, dentro, emaranha e completa.
Sonhos, desejos, sensações, sem ser meu, mas sendo,
só,
solidão.

quinta-feira, julho 15, 2010

Da arte




Sim, ser filósofo é a inquietação baseada na 'mania' de não cansar de se admirar com as coisas e as pessoas. Depois de muito tempo mal dizendo minhas escritas, hoje amo e beijo-as com afeto. São elas que mostram o que sou, o que quero. Por isso não cansarei de me admirar.
Hoje me dei conta de idéias já mastigadas e não cansei de me admirar com a banalização grosseira de certas palavras.
O Corpo, fonte de prazer, cheio de gozos, que nesse mundo conceituado, anda pautado. Seria exagero meu, me admirar? Se fazem de nós aquilo que querem, modulando. Se muitos nem sabem o que é ter um corpo, por medo, ou pudor? Ah! existiria palavra mais nauseante? Pudor!
Nesse lugar de ninguém onde o corpo feminino tem um lugar repugnante de estética da sexualidade - por desarranjo histórico e aceitação midiática - e pesa sobre nosso dorso, muito mais do que no deles, essa podridão explícita que nos tornamos: De lolitas ao cárcere siliconado. Depilação a laser que nos salve da vergonha de ser. Ah mídia! tu que deverias e não fodes com o mundo! Devemos a ti e a tua misoginia esse caos de um mundo maldito.
... e os artistas? Quem merece a honra de tal denominação? Meros representadores de suas próprias vidas nos infinitos ecos globais! E não há lugar que estejamos a salvo das pútridas histórinhas que ecoam nos lares, nos lugares, desses carentes enredos e a inversão de valores, morais e ideais. É o Fruto de uma sociedade com exarcebada valorização do capital, o mundo girando em torno do bom e velho: money! 'it's a crime.Share it fairly but don't take a slice of my pie.' Corporativismo puro! Será possível? Neurose, maldito conto de fadas pós-moderno, RJ, lolitas, vadias, conflitos, moral da história, Artistas? sei...
Estou falando de obviedades! Mas por que  quase ninguém vê? Já estão tão engolidos pelo maldito capitalismo que todos estão se mordendo de inveja devido ao alto teor orçamental envolvido, espectadores, enquanto a vida escorre por ali? ... e o cérebro cinzento apodrece sedentário.
E o eu? mero mortal erudito, artista, poeta, pintor, filósofo, marginalizado, padronizado,  por dizerem que o que faz não é arte! Mas a arte não vem do surreal? da criação, da realidade inventada, autêntica? Não do que está pronto, manipulado, moldado.
Há uma certa melâncolia nisso tudo! Já dizia chico em nossas conversas:
'Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi. Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir, Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir, Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair. Deus lhe pague. Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir e pelo grito demente que nos ajuda a fugir. Deus lhe pague.' e um pouco mais para nos suportarmos.
Talvez isso me faça mais artista, alimenta o eu, as idéias...
É, estamos marginalizados, drogados, deprimidos, porque transformaram a nossa arte num padrão! Eu não posso mais gritar, eu não posso mais discordar, sou rotulo. É caretisse musical, novela das 9, silicone, modinha. Chega! Por isso prefiro ficar de cá, com meus poetas marginais, e todos aqueles que me mostram a arte pela arte.