domingo, maio 30, 2010

Meus Mistérios

Encarcerada nesse corpo de cicatrizes, vícios e querer crônico. Sussurros e impulsos elétricos despolarizam esse músculo cardíaco em frenéticas contrações, emaranhado do sentir...querer...estar. Sinapses aceleradas carregadas de neurotransmissores, serotonina/adrenalina, libertando o eu, sintetizando o gesto, o riso.
Momentos sinestésicos, misturam sensações, saudades. Pequenas doses, extras, quentes, impudicas.
Além disso existe: 'boca, cabelo, peitos poses e apelos'. O desejo, este é persistente, orgasmo infalivel de repertórios nossos, Melodia infinita, pairando entre notas musicais, esperando um sim.
'Seus olhos e seus olhares milhares de tentações
Meninas são tão mulheres, seus truques e confusões
Se espalham pelos pêlos, boca e cabelo, peitos e poses e apelos
(...) Seus dentes e seus sorrisos mastigam meu corpo e juízo
Devoram os meus sentidos eu já não me importo comigo
Então são mãos e braços beijos e abraços
Pele, barriga e seus laços
São armadilhas e eu não sei o que faço
Aqui de palhaço seguindo seus passos
(...) '




sexta-feira, maio 21, 2010

ontologia poética

Milhares de frases, versos e melodias me passam diariamente e com o vento se perdem, deixando vestigios... Sei que estamos longe dos furacões violentos e vertiginosos do desejo. Impiedoso hiato entre nós dois, desses segundos que teimam em passar, em espaçar.
Ando difamando esses livros na minha estante, ou daqueles que tenho que, queixo-me das pequenas escritas e daquelas outras que perdi na brisa quente de um pensamento num segundo qualquer...
Num roteiro embaraçado, esboçado, entorpecido, impudico, muitas vezes obsceno me inventei. Esse meu exagero pulsante e equivocado. O que me resta a essas alturas? As vísceras e as memórias... porque o tempo insiste em passar.
Ressalto o niilismo puro e meu realismo surreal. As doçuras hoje me doem, ando mal dizendo os versinhos coloridos, como uma utopia, inalcançável.
Eu tento dar às cicatrizes a eternidade de um minuto, de uma frase. A liberdade de não estar presa nesse corpo, que arde, pra que no retorno não seja, não repita, que sejam novas as batalhas, os inimigos.

quarta-feira, maio 05, 2010

Carta aberta

Talvez deseje, tanto, que chegue a transbordar sussurros. Talvez te consuma querer o toque que te anseia, talvez até doa, mas tem gosto, gosto do vivo, inesperado. Minhas sinapses delirantes estão sedentas por ti, pensamento escorre, toque incendiando e percorrendo espaços íntimos num sussurro. Nós. incomuns, íntimos, cladestinos.
Tuas tentativas indecentes, exibindo lugares não conhecidos em caminhos sinuosos. Segundos percorridos, momento inerte, paira entre o sentir e o indizivel. São puras as noites, os gestos que  invadem a solidão de dois corpos. Tu pulsas em mim. O movimento exige, química, pele,cheiro, boca, emaranhado de coisas únicas, singelas, doces. A vulgaridade lasciva explícita nos olhos nus, nos corpos comprimidos, unidos, flagelados...Declaro-me preenchida, encarcerada por ti e a hermeticidade de nosso leito.
O desejo sobrevive a tempestades, furacões, terremotos, pulsa e quer. Meu desejo é vício, inexato, estou submetida a esse querer intenso. Vez enquando me calo, posso ser inerte ou ser vulcão em ebulição, se vez enquando inerte talvez seja porque nossos atos já estejam escritos, previstos em meus esboços. Tenho necessidade de mistério, imprevisibilidade, borboletas, momentos, pulso, instantes desencontrados...flutuando nesses infinitos espaços do tempo, de nós dois, que refletem aquilo que o corpo precisa, deseja. Portanto não importa, o momento é sempre único, novo, meu desejo é alimento, então arda!