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quinta-feira, maio 19, 2011
Liebe Großmutter,
É tão difícil começar. Difícil é dizer todas as coisas que ficaram por dizer e não foram ditas, mas nem por isso não foram sentidas.
Lembrar-te é o mesmo que sentir o aroma doce das hortênsias espalhadas pelo jardim, é hortinha repleta de legumes e verduras em cores, é catar morango pela manhã, jogar comidinha aos peixes, colher caqui, pitanga, jaboticaba, é comer manga se lambuzando. Lembrar-te é cantar suas cantigas, beber água da nascente, andar pela floresta e desbravar o mundo ao teu lado, GroBmutter.
Infância é mesmo aquilo tudo que sentimos falta e que um belo dia nos é tirado sem cerimônia e sem permissão. Infância, pra mim, sempre foi estar ao seu lado aprendendo todos os afazeres que uma mulher, como antigamente, deve saber. Costurar, passar, lavar, e sentir o cheirinho bom da roupa de cama arrumada, como só você sabe fazer. Infância é levar meus brinquedos para sua cama, fazer barulho, te pentear, te pentelhar e não deixar ninguém dormir. Infância é estar entre vocês enquanto o cuco canta na sala de jantar e ter a certeza que estou segura, apesar de todo o resto eu sei que vocês nunca vão me deixar só. Infância é você tentar me provar que no escuro não tem monstro. Infância é você me ensinar a ser forte, mulher, unica e insubstituível.
Só que um belo dia a gente cresce. E tudo aquilo que era infância se transforma em lembrança, história lúdica. Um belo dia a gente fica rebelde e renega todas as raízes, as lembranças, a história. Mas definitivamente, ela não pode ser esquecida.
Admiro-te, por sua história que sei de cór e também pelo que ficou ausente em mim, pois sei que tu passastes por coisas que não compreendo, coisas indizíveis, como todos nós. Sei de suas qualidades, essas que reconheço em mim: a força ascendente, o faça você mesmo, determinação encarnada, teimosia vem no pacote, perseverança, persuasão, eloqüência e até mesmo a língua ácida carregada de respostas prontas sem falar dos freqüentes e inusitados provérbios. Os mil e um ensinamentos que me passastes e que carrego e carregarei para toda vida.
Também sei de seus pecados muitas vezes gerado pelo excesso de obrigações das quais te libertastes com o tempo, rejeitando o verbo 'ter que', lição que me passastes por genética, creio eu. Não amo menos seus pecados, pois estão entrelaçados com suas virtudes, essas refletidas nesse grande espelho entre nós. Seus olhos verdes sempre me acompanharão às vezes frios e amargurados outras vezes quentes e acolhedores.Te reconheço a todo tempo afinal esteve ao meu lado sempre. Não te condeno, nem julgo, como espero ser absolvida pelos meus erros quando chegar onde chegastes. Como naquela tarde em meados de janeiro em que uma menina rebelde resolveu mostrar todos os adjetivos que a compunham sem se preocupar da onde derivavam, sabendo apenas que derivava desse tudo denominado gene - ou família. Já nos absolvemos mutuamente das cicatrizes deixadas, todas elas, por amor - porque nada além disso tem a capacidade da absolvição.
Escrevo essa carta porque tenho necessidade de desabafar tudo aquilo que ficou. E por saber que não estás mais aqui, não por inteiro. Já se perdestes nesse tudo que tu és. Saiba que todos nós, no fundo, queremos viver nesse mundo de sonhos e no tempo em que escolhemos viver. Todos nós desejamos poder não sentir saudades como essa que sinto aqui, essa que sinto dos nossos tempos, da minha infância, doce, perdida.
De vez enquanto quando sinto aquele vazio procuro as velhas fotos, minhas e tuas, rançosas, que trazem a boca aquele gosto salgado do que passou e foi bom. Carregam uma história, perdida no tempo, na qual me sinto refletida e que será lembrada e propagada eternamente.
Espero que esteja vivendo no tempo que escolhestes viver e que estejas feliz, seja como for, sentirei sempre sua falta na incessante procura de ter tanta personalidade e de ser tão original como você.
ps. É triste ver-te assim tão perdida, nesse grande espelho, em nós.
Ich liebe dich,
küsse.
Seine geliebte enkelin.
sexta-feira, setembro 05, 2008
bloodfamily
É difícil dizer coisas que não devem ser ditas, quantas coisas aprendi...Nessa minha eterna sensibilidade, buscando por respostas, entender meu infinito particular ou apenas buscar entender o universo ao meu redor.
A dor me dói e não sei de onde vem talvez seja a mágoa da ascendência tão seiscentista. Eu sinto que eles ficaram perdidos nos anos 70, aquelas aventuras aprisionaram suas almas.
Hoje seguimos os passos marcados que trilham um caminho que leva a um mundo colorido cheio de coisas entusiasmantes, sexo drogas e rockandroll, mas começo a me questionar: E no final? é assim que acaba? é um triste fim...é o fim que não desejaria a ninguém. Uma vida cheia de vácuos, gélidos vácuos, dentro dos seus espelhos. Uma vida da qual não se lembram por mais que espremam o cérebro, não sai nada! Uma vida tão cheia de alegrias (sintéticas ou não) cheia de descobertas, pensamentos, conclusões, mas de que adianta se nem ao menos consegue se lembrar? Foi e já não é, nem em lembranças. Triste! é de cortar o coração! Seguia esse caminho sem me questionar achando que me era destinado, mas não! não mais! Nós fazemos o nosso caminho! Já eles...se perderam e não deixaram pistas, deixaram apenas fortes pegadas para seus descendentes, malditas pegadas: nítidas e difíceis de esconder!
As lembranças ficaram subentendidas e às vezes tento esquecer. Lembranças daquelas tardes dos anos 90 em que um velho bêbado com seus belos olhos azuis só queria encontrar um caminho a seguir e não conseguia, ele se perdeu naqueles olhos azuis, ele se perdeu em todos aqueles copos e foram muitos copos, corpos, corpos e corações machucados por sua embriaguês, alguns tanto que se perderam profundamente, se perderam no mundo, num mundo chamado brasília, e que mundo maluco é esse!
Mas mesmo assim fiz questão de lembrar do dia que comecei a trilhar meu caminho do alto dos meus 5 anos. Fui até a horta e a caixa dágua com uma espada na mão procurar piratas... beber água da nascente, colher frutinhas. Os tempos foram bons também: pizza, musiquinhas e dancinhas, palhaçadas das quais rimos para esquecer os frios e intensos olhos azuis. As imagens das cartas a mesa para decifrar o futuro, o futuro que ninguém decifra e nos pouparia muito sofrimento, isso tudo não sai de dentro de mim. É pena não ser burra, não sofria tanto, dói saber que nada mudará e que os piratas continuam a andar pelos caminhos sombrios daquela caixa dágua, caixa dágua cheia de veneno, o veneno do mundo.
Foi assim que vidas foram interrompidas, não com mortes, mas com quase-mortes - ausências doídas, difíceis. Algumas pessoas bem mais velhas do que eu sofrem ainda mais por toda a frustração e essa dor me dói mais ainda porque é a dor que não queria que doesse, não!, é a última pessoa que queria que sentisse dor. Perdeu-se nas suas certezas e vícios, já não sabe mais o que quer. A muito tempo já não se importa consigo, já não consegue amar, quer se perder e voltar para aqueles tempos, quer voltar de qualquer forma e fazer de novo, mas como é impossível usa a mente para viajar até lá e ser feliz da forma que não conseguiu, foi tanta dor no passado que por lá ficou. Sua inteligência é aguçada, mas o vício embassa a visão. Lembro-me bem da sua antiga doçura, que doçura desperdiçada, é eu também perdi a minha.
Esqueceu-se daqui, esqueceu-se de nós, mas ninguém pode dizer: volte! volte para nós, são coisas que não se resgatam. Me diz: vá, vá viver! Não estarei aqui sempre que você precisar! Vou-me embora cair no mundo! Mal sabe que quase nunca esteve, mal sabe que já caira no mundo, no seu mundo, que é só seu e lá se trancou, se trancou por ser triste, tristeza que aqueles olhos azuis, tão frios, deixaram, ferida que nunca fecha.
Eu aprendi com isso tudo e o meu maior ensinamento é que o tempo não volta. Como aquela manha em meados de janeiro que aqueles mesmos olhos azuis se misturaram a ondas azuis que batiam a margem, iam e vinham misturadas ao cheiro de maresia e o sentimento de liberdade que pulsava: estilhaçado, pisoteado e as marcas que levei no rosto e que ainda levo no coração...aquelas marcas que tentei me livrar ao entrar de cabeça naquele mar azul, mas é impossível esquecer os velhos e frios olhos azuis, principalmente quando se ama, dói todos os dias. Frios olhos azuis perdidos num outro gélido azul, o azul do mundo, cruel e frio.
No fim? superar tudo isso e ter a certeza de que o amor supera tudo, tá. Que no fim haja o que houver eu estarei lá, não cairei no mundo, não, serei fiel ao que me foi destinado, serei fiel ao parto doído, serei fiel ao sacrifício, estarei aqui...no mesmo lugar.
E assim como uma pessoa só com aquele cheiro de carmim interior e uma quase-família interrompida, agora lembro que sigo só e aceito isso muito bem, no fundo descobri que sempre aceitei e que sempre segui por mim e isso cabe apenas dentro de mim, agora e sempre.
A dor me dói e não sei de onde vem talvez seja a mágoa da ascendência tão seiscentista. Eu sinto que eles ficaram perdidos nos anos 70, aquelas aventuras aprisionaram suas almas.
Hoje seguimos os passos marcados que trilham um caminho que leva a um mundo colorido cheio de coisas entusiasmantes, sexo drogas e rockandroll, mas começo a me questionar: E no final? é assim que acaba? é um triste fim...é o fim que não desejaria a ninguém. Uma vida cheia de vácuos, gélidos vácuos, dentro dos seus espelhos. Uma vida da qual não se lembram por mais que espremam o cérebro, não sai nada! Uma vida tão cheia de alegrias (sintéticas ou não) cheia de descobertas, pensamentos, conclusões, mas de que adianta se nem ao menos consegue se lembrar? Foi e já não é, nem em lembranças. Triste! é de cortar o coração! Seguia esse caminho sem me questionar achando que me era destinado, mas não! não mais! Nós fazemos o nosso caminho! Já eles...se perderam e não deixaram pistas, deixaram apenas fortes pegadas para seus descendentes, malditas pegadas: nítidas e difíceis de esconder!
As lembranças ficaram subentendidas e às vezes tento esquecer. Lembranças daquelas tardes dos anos 90 em que um velho bêbado com seus belos olhos azuis só queria encontrar um caminho a seguir e não conseguia, ele se perdeu naqueles olhos azuis, ele se perdeu em todos aqueles copos e foram muitos copos, corpos, corpos e corações machucados por sua embriaguês, alguns tanto que se perderam profundamente, se perderam no mundo, num mundo chamado brasília, e que mundo maluco é esse!
Mas mesmo assim fiz questão de lembrar do dia que comecei a trilhar meu caminho do alto dos meus 5 anos. Fui até a horta e a caixa dágua com uma espada na mão procurar piratas... beber água da nascente, colher frutinhas. Os tempos foram bons também: pizza, musiquinhas e dancinhas, palhaçadas das quais rimos para esquecer os frios e intensos olhos azuis. As imagens das cartas a mesa para decifrar o futuro, o futuro que ninguém decifra e nos pouparia muito sofrimento, isso tudo não sai de dentro de mim. É pena não ser burra, não sofria tanto, dói saber que nada mudará e que os piratas continuam a andar pelos caminhos sombrios daquela caixa dágua, caixa dágua cheia de veneno, o veneno do mundo.
Foi assim que vidas foram interrompidas, não com mortes, mas com quase-mortes - ausências doídas, difíceis. Algumas pessoas bem mais velhas do que eu sofrem ainda mais por toda a frustração e essa dor me dói mais ainda porque é a dor que não queria que doesse, não!, é a última pessoa que queria que sentisse dor. Perdeu-se nas suas certezas e vícios, já não sabe mais o que quer. A muito tempo já não se importa consigo, já não consegue amar, quer se perder e voltar para aqueles tempos, quer voltar de qualquer forma e fazer de novo, mas como é impossível usa a mente para viajar até lá e ser feliz da forma que não conseguiu, foi tanta dor no passado que por lá ficou. Sua inteligência é aguçada, mas o vício embassa a visão. Lembro-me bem da sua antiga doçura, que doçura desperdiçada, é eu também perdi a minha.
Esqueceu-se daqui, esqueceu-se de nós, mas ninguém pode dizer: volte! volte para nós, são coisas que não se resgatam. Me diz: vá, vá viver! Não estarei aqui sempre que você precisar! Vou-me embora cair no mundo! Mal sabe que quase nunca esteve, mal sabe que já caira no mundo, no seu mundo, que é só seu e lá se trancou, se trancou por ser triste, tristeza que aqueles olhos azuis, tão frios, deixaram, ferida que nunca fecha.
Eu aprendi com isso tudo e o meu maior ensinamento é que o tempo não volta. Como aquela manha em meados de janeiro que aqueles mesmos olhos azuis se misturaram a ondas azuis que batiam a margem, iam e vinham misturadas ao cheiro de maresia e o sentimento de liberdade que pulsava: estilhaçado, pisoteado e as marcas que levei no rosto e que ainda levo no coração...aquelas marcas que tentei me livrar ao entrar de cabeça naquele mar azul, mas é impossível esquecer os velhos e frios olhos azuis, principalmente quando se ama, dói todos os dias. Frios olhos azuis perdidos num outro gélido azul, o azul do mundo, cruel e frio.
No fim? superar tudo isso e ter a certeza de que o amor supera tudo, tá. Que no fim haja o que houver eu estarei lá, não cairei no mundo, não, serei fiel ao que me foi destinado, serei fiel ao parto doído, serei fiel ao sacrifício, estarei aqui...no mesmo lugar.
E assim como uma pessoa só com aquele cheiro de carmim interior e uma quase-família interrompida, agora lembro que sigo só e aceito isso muito bem, no fundo descobri que sempre aceitei e que sempre segui por mim e isso cabe apenas dentro de mim, agora e sempre.
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