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terça-feira, março 08, 2011

Receita de mulher:

As muito feias que me perdoem, mas beleza é fundamental. É preciso que haja qualquer coisa de flor em tudo isso, Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture em tudo isso  (ou então Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa).Não há meio-termo possível. É preciso que tudo isso seja belo. É preciso que súbito tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora. É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche no olhar dos homens.  É preciso, é absolutamente preciso que seja tudo belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços alguma coisa além da carne: que se os toque como o âmbar de uma tarde. 
Ah, deixai-me dizer-vos que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então nem se fala, que olhem com certa maldade inocente. Uma boca fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos despontem, sobretudo a rótula no cruzar as pernas, e as pontas pélvicas no enlaçar de uma cintura semovente. Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras é como um rio sem pontes. Indispensável que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida a mulher se alteia em cálice, e que seus seios sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca e possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas. Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebal levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal! Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de coxas e que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem, no entanto sensível à carícia em sentido contrário. É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio, Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!) Preferíveis sem dúvida os pescoços longos de forma que a cabeça dê por vezes a impressão de nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos, Discretos. A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face, mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior a 37º centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras do primeiro grau. 
Os olhos, que sejam de preferência grandes e de rotação pelo menos tão lenta quanto a da terra; e que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros. Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se se fechar os olhos ao abri-los ela não mais estará presente com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá e que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber o fel da dúvida. 
Oh, sobretudo que ela não perca nunca, não importa em que mundo, não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade de pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre o impossível perfume; e destile sempre o embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina, do efêmero; e em sua incalculável imperfeição constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável. (Vinicius)

terça-feira, agosto 19, 2008

pela luz dos olhos

"Quando a luz dos olhos meus e a luz dos olhos teus resolvem se encontrar. Ai, que bom que isso é, meu Deus que frio que me dá o encontro desse olhar. Mas se a luz dos olhos teus resiste aos olhos meus só pra me provocar, meu amor, juro por Deus me sinto incendiar. Meu amor, juro por Deus que a luz dos olhos meus já não pode esperar. Quero a luz dos olhos meus na luz dos olhos teus sem mais larirurá. Pela luz dos olhos teus eu acho, meu amor, só se pode achar que a luz dos olhos meus precisa se casar"

domingo, agosto 17, 2008

vinícius





Poeta, meu poeta camarada...poeta da pesada, do pagode e do perdão. Perdoa essa canção improvisada em sua inspiração, de todo coração, da moça e do violão, do fundo...Poeta, poetinha vagabundo, virado, viramundo, vira e meche, paga e vê que a vida não gosta de esperar, a vida é pra valer, a vida é pra levar, vininha velho saravá! Quem dera todo mundo fosse assim feito você.
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Simplesmente foda, para os eternos apaixonados, apaixonante.
Inspira! Assitam ao documentário: vinícius, muito bom!

sábado, agosto 09, 2008

amor

Vamos brincar, amor? vamos jogar peteca
Vamos atrapalhar os outros, amor, vamos sair correndo
Vamos subir no elevador, vamos sofrer calmamente e sem precipitação?
Vamos sofrer, amor? males da alma, perigos
Dores de má fama íntimas como as chagas de Cristo
Vamos, amor? vamos tomar porre de absinto
Vamos tomar porre de coisa bem esquisita, vamos
Fingir que hoje é domingo, vamos ver
O afogado na praia, vamos correr atrás do batalhão?
Vamos,amor, tomar thé na Cavé com madame Sevignée
Vamos roubar laranja, falar nome, vamos inventar
Vamos criar beijo novo, carinho novo, vamos visitar N. S. do Parto?
Vamos, amor? vamos nos persuadir imensamente dos acontecimentos
Vamos, amor?
Porque excessivamente grave é a Vida.

(Vínicius de moraes)

megafoda!

sexta-feira, agosto 08, 2008

só sou feliz quando me queimo, e se me queimo não sou feliz, a própria felicidade é dolorosa. (Vinícius)

segunda-feira, julho 28, 2008





Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor. É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo.... *Vinícius