domingo, maio 03, 2009

Para não dizer que não falei das flores...

...e o toque que arde sobre a pele nos revela o que o tato quer, a embreaguês espessa que nos sobe a face levando a sensibilidades ressonantes, olhares silenciosos, toques vigorosos, corpos tangentes... Esvaindo-me em querer me rendo ao mundo abstrato de sentimentos efêmeros, de pele, sentido intenso, de fogo percorrendo veias, artérias e capilares.
Embaraço de possibilidades de conquistas nulas, doces e íntimas. Sou reagente, sou química de sinapses aceleradas, serotonina excessiva, meu produto é querer e o catalisador: o calor, meu termómetro. Pequenas doses e moderação me deixam morna. Difícil descrever, fácil decifrar.
Quero que saibas que minhas desventuras acabam no momento em que penso no prazer, fruto proibido que me alimenta. Me dissolvo em tentativas, líquida em lamentos obsessivos por coisas vãs que preenchem-me de conquistas de nada. Minhas incógnitas adestradas pela nudez de suas palavras cálidas. É por querer, querer teu corpo quente no silêncio de nós dois. No silêncio evidente, que se ouve aquilo que calou. Maré alta em noite de luar. É preciso sentido aguçado.
Não vou calar meu desejo de perpetuar-te em nós. Por quê? Mesmo que encarcerada de ti ou de tanto eu, acredito na verdade de nossas noites libertinas de raro sabor, de segundos cortantes que correm infinitamente. Que parem de correr! Me deixem inerte na hermeticidade do seu leito, no calor do seu corpo, alimentada de ti, de nossos sólidos encontros silenciosos, libertários por despertarem o que há de mais íntimo, o eu.
Derrapando entre curvas, nos perdemos e nos reencontramos em infinitos espaços de nós dois.

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