sexta-feira, maio 22, 2009

...P.a.l.a.v.r.a.s. ao vento...

p.a.l.a.v.r.a.s, fortes, desarticuladas, dispersas nas dimensões do tempo, nas moléculas do ar.
palavras expelidas, sujas, vomitadas, violentas, gritadas ao mundo, derrapando boca a fora.
p.a.l.a.v.r.a.s. de cheiro e gosto bom, amantes, ternas, zelosas, palavras em flor, cantadas, ritmadas, lá onde não há: matéria, sentido, distâncias, porquês, é coisa na coisa, de si para si. palavras pra sentir, pra ser, pra lembrar. palavras de delícias, de gosto doce, cheirando a jasmin.
p.a.l.a.v.r.a.s. que dizem tudo e nada. o que é o tudo? é oco. palavras que sentem apenas, de nada sabem, pois sabem demais.
palavra é aquilo tudo, é o mundo, girando, numa rotação desenfreada, insensata, espalhando pedaços de si entre constelações, cometas, sóis, néon, incandescentes.
é o mundo parado em queda-livre, no espaço, sentindo o vento bater.
palavra é brincadeira de criança, é riso, é lágrima.
palavra fere ou acarinha, é língua, é boca, é espírito livre de alma densa.
palavra não tem razão, apenas é, palavra de gente, gente viva, de repertórios, de si,
de devaneios meus...apenas m.e.u.s.
p.a.l.a.v.r.a.s que esbarram em minhas caixas crânianas, hospicío, debatendo-se porque querem voar, eu quero mais é que voem!
p.a.l.a.v.r.a. sou eu refletida no espelho a fitar meus olhos, a expressão que só eu sei o que quer dizer, em sussurros me conta aquilo que sou.
...o olhar ainda é o mesmo....
intenso, efêmero, esquizofrenico, nú, peculiar, gritante. não há quem olhe e não veja.
p.a.l.a.v.r.a. é o momento preso num segundo perdido no espaço. é alimentar-me de mim e de tantos eus aqui comportados num só brilho ocular.


.a palavra é meu domínio sobre o mundo. nunca vã. sempre poesia.

Nenhum comentário: