sexta-feira, setembro 05, 2008

bloodfamily

É difícil dizer coisas que não devem ser ditas, quantas coisas aprendi...Nessa minha eterna sensibilidade, buscando por respostas, entender meu infinito particular ou apenas buscar entender o universo ao meu redor.
A dor me dói e não sei de onde vem talvez seja a mágoa da ascendência tão seiscentista. Eu sinto que eles ficaram perdidos nos anos 70, aquelas aventuras aprisionaram suas almas.
Hoje seguimos os passos marcados que trilham um caminho que leva a um mundo colorido cheio de coisas entusiasmantes, sexo drogas e rockandroll, mas começo a me questionar: E no final? é assim que acaba? é um triste fim...é o fim que não desejaria a ninguém. Uma vida cheia de vácuos, gélidos vácuos, dentro dos seus espelhos. Uma vida da qual não se lembram por mais que espremam o cérebro, não sai nada! Uma vida tão cheia de alegrias (sintéticas ou não) cheia de descobertas, pensamentos, conclusões, mas de que adianta se nem ao menos consegue se lembrar? Foi e já não é, nem em lembranças. Triste! é de cortar o coração! Seguia esse caminho sem me questionar achando que me era destinado, mas não! não mais! Nós fazemos o nosso caminho! Já eles...se perderam e não deixaram pistas, deixaram apenas fortes pegadas para seus descendentes, malditas pegadas: nítidas e difíceis de esconder!
As lembranças ficaram subentendidas e às vezes tento esquecer. Lembranças daquelas tardes dos anos 90 em que um velho bêbado com seus belos olhos azuis só queria encontrar um caminho a seguir e não conseguia, ele se perdeu naqueles olhos azuis, ele se perdeu em todos aqueles copos e foram muitos copos, corpos, corpos e corações machucados por sua embriaguês, alguns tanto que se perderam profundamente, se perderam no mundo, num mundo chamado brasília, e que mundo maluco é esse!
Mas mesmo assim fiz questão de lembrar do dia que comecei a trilhar meu caminho do alto dos meus 5 anos. Fui até a horta e a caixa dágua com uma espada na mão procurar piratas... beber água da nascente, colher frutinhas. Os tempos foram bons também: pizza, musiquinhas e dancinhas, palhaçadas das quais rimos para esquecer os frios e intensos olhos azuis. As imagens das cartas a mesa para decifrar o futuro, o futuro que ninguém decifra e nos pouparia muito sofrimento, isso tudo não sai de dentro de mim. É pena não ser burra, não sofria tanto, dói saber que nada mudará e que os piratas continuam a andar pelos caminhos sombrios daquela caixa dágua, caixa dágua cheia de veneno, o veneno do mundo.
Foi assim que vidas foram interrompidas, não com mortes, mas com quase-mortes - ausências doídas, difíceis. Algumas pessoas bem mais velhas do que eu sofrem ainda mais por toda a frustração e essa dor me dói mais ainda porque é a dor que não queria que doesse, não!, é a última pessoa que queria que sentisse dor. Perdeu-se nas suas certezas e vícios, já não sabe mais o que quer. A muito tempo já não se importa consigo, já não consegue amar, quer se perder e voltar para aqueles tempos, quer voltar de qualquer forma e fazer de novo, mas como é impossível usa a mente para viajar até lá e ser feliz da forma que não conseguiu, foi tanta dor no passado que por lá ficou. Sua inteligência é aguçada, mas o vício embassa a visão. Lembro-me bem da sua antiga doçura, que doçura desperdiçada, é eu também perdi a minha.
Esqueceu-se daqui, esqueceu-se de nós, mas ninguém pode dizer: volte! volte para nós, são coisas que não se resgatam. Me diz: vá, vá viver! Não estarei aqui sempre que você precisar! Vou-me embora cair no mundo! Mal sabe que quase nunca esteve, mal sabe que já caira no mundo, no seu mundo, que é só seu e lá se trancou, se trancou por ser triste, tristeza que aqueles olhos azuis, tão frios, deixaram, ferida que nunca fecha.
Eu aprendi com isso tudo e o meu maior ensinamento é que o tempo não volta. Como aquela manha em meados de janeiro que aqueles mesmos olhos azuis se misturaram a ondas azuis que batiam a margem, iam e vinham misturadas ao cheiro de maresia e o sentimento de liberdade que pulsava: estilhaçado, pisoteado e as marcas que levei no rosto e que ainda levo no coração...aquelas marcas que tentei me livrar ao entrar de cabeça naquele mar azul, mas é impossível esquecer os velhos e frios olhos azuis, principalmente quando se ama, dói todos os dias. Frios olhos azuis perdidos num outro gélido azul, o azul do mundo, cruel e frio.
No fim? superar tudo isso e ter a certeza de que o amor supera tudo, tá. Que no fim haja o que houver eu estarei lá, não cairei no mundo, não, serei fiel ao que me foi destinado, serei fiel ao parto doído, serei fiel ao sacrifício, estarei aqui...no mesmo lugar.
E assim como uma pessoa só com aquele cheiro de carmim interior e uma quase-família interrompida, agora lembro que sigo só e aceito isso muito bem, no fundo descobri que sempre aceitei e que sempre segui por mim e isso cabe apenas dentro de mim, agora e sempre.

2 comentários:

Ceres Salgado disse...

só o amor faz nascer flores nos corações de pedra. No silêncio interior encontrei as respostas que me confortam. Estou aqui e aí, por todo lugar, com vc sempre. Lembro quando éramos pequenas e eu te dava banho... que gostoso aquele bebê enroladinho na toalha... por vc tenho um sentimento de cuidar, de amor... perceber o mundo que nos cerca é crescer! Cresça e apareça! Pq vc tem apenas duas mão, e todo sentimento do mundo! I will be always here, in your heart, just call me...

Muahhhhhhhhhhh

Unknown disse...

o texto é demais
há um erro no final de que segues sozinha
nunca estará sozinha
você têm irmãs que a vida não leva
agente não deixa levar
amo você!