sábado, dezembro 20, 2008

As vontades me beliscam. vontade de dormir. tentei em vão. os olhos não fecham. vontade de gritar. mas não há voz. vontade de chorar. mas não há lagrimas. lá no céu nu e absolutamente azul não há uma nuvem de amor que chore. nada escorre. ao mesmo tempo o ar tem esse cheiro de jasmin adocicado. mas o doer é contínuo. o sol já se pôs. antecipado. levanta-te e saia do meu caminho. eu quero passar. quero passar com a minha dor.
Por seco e calmo ódio. quero isso mesmo. o silêncio. feito de calor. que a cigarra rude torna sensível. sensível? não sente nada. a não ser essa falta de ópio que amenize. quero esta espera contínua. como o canto avermelhado da cigarra. pois tudo isso é a morte parada, é a eternidade de trilhões de anos das estrelas e da terra. é o cio sem desejo. os cães sem ladrar. Nessa hora o bem e o mal não existem. é o perdão súbito. nós que nos alimentamos com gosto secreto da punição. pois não há mais julgamento, não é um perdão depois de um julgamento. é a ausência de juiz e condenado. e ainda não chove. não chove. eu quero isso mesmo. que não chova.
mais.

(dueto - xu.flordapele e cL)

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