quinta-feira, junho 18, 2009

...carta às minhas incuráveis libertinagens...

...é essa imprevisível vertigem, êfemera...de tão intensa me arranca suspiros, cora-me a face, de vez em vez líquida em lágrimas a me trair.
é esse músculo cardíaco, involuntário, insensato a pulsar num quase-desmaiar, denunciando esse peculiar brilho nos olhos. Que brota sem cerimônia.
Talvez seja esse infinito astro solar a compor cores "florescentes" no meu mundo, azul cândido, de ridicula ingenuidade logo de gosto, íntimo deleite.
Talvez seja o tal satélite, ser fêmeo, que sem hesitar a meia-noite me arde, arrepiando-me a pele. Me tirando a razão, decretando que antes de qualquer coisa deve-se atender as volúpias do desejo, sem demora. Entregar-se ao tato de toque macio e ritmado, poesia de musicalidade. Libertando o corpo, na sua liberdade de ser corpo, que dança, em tons surreais, libertação da alma, êxtase, grito.
Talvez seja explodir de tanto ar, de tal azul celeste celestial.
Talvez seja esse ser marinho, de tanto mistério, de tal imensidão cálida, que me deixa perplexa ao fitar o vai-e-vem, denunciando a natureza crua. Que leva embora essa maldade, de tal pudor sujo.
É ouvir as ondas baterem, não precisar dizer. É decifrar olhares de profundidade "marítima". É estar completo diante de tal imensidão, com pézinhos enterrados na areia regados a água e sal. É ser esse ser sereia, descobrir as incógnitas, pérolas - beleza original, o pecado puro, a pele a desejar...e o depois é chorar a soluçar numa pedra dura, salgar águas de baixas marés, na melancolia poética do sofrer por tais conquistas, nulas...sereia serena, mente desvairada. Sem dissimulação ou castidade, apenas essa liberdade que pulsa, liberdade de amar.
É ser esse ser parido pelo mundo, criado na terra de libertários hábitos maritmos. É ser. É beber o infinito num gole só, e essa vida na pele a roçar, a rager, a doer.
Desejos cálidos, sussurados no ouvido. E a liberdade de realizá-los. E que se cale o depois!

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