quinta-feira, julho 15, 2010

Da arte




Sim, ser filósofo é a inquietação baseada na 'mania' de não cansar de se admirar com as coisas e as pessoas. Depois de muito tempo mal dizendo minhas escritas, hoje amo e beijo-as com afeto. São elas que mostram o que sou, o que quero. Por isso não cansarei de me admirar.
Hoje me dei conta de idéias já mastigadas e não cansei de me admirar com a banalização grosseira de certas palavras.
O Corpo, fonte de prazer, cheio de gozos, que nesse mundo conceituado, anda pautado. Seria exagero meu, me admirar? Se fazem de nós aquilo que querem, modulando. Se muitos nem sabem o que é ter um corpo, por medo, ou pudor? Ah! existiria palavra mais nauseante? Pudor!
Nesse lugar de ninguém onde o corpo feminino tem um lugar repugnante de estética da sexualidade - por desarranjo histórico e aceitação midiática - e pesa sobre nosso dorso, muito mais do que no deles, essa podridão explícita que nos tornamos: De lolitas ao cárcere siliconado. Depilação a laser que nos salve da vergonha de ser. Ah mídia! tu que deverias e não fodes com o mundo! Devemos a ti e a tua misoginia esse caos de um mundo maldito.
... e os artistas? Quem merece a honra de tal denominação? Meros representadores de suas próprias vidas nos infinitos ecos globais! E não há lugar que estejamos a salvo das pútridas histórinhas que ecoam nos lares, nos lugares, desses carentes enredos e a inversão de valores, morais e ideais. É o Fruto de uma sociedade com exarcebada valorização do capital, o mundo girando em torno do bom e velho: money! 'it's a crime.Share it fairly but don't take a slice of my pie.' Corporativismo puro! Será possível? Neurose, maldito conto de fadas pós-moderno, RJ, lolitas, vadias, conflitos, moral da história, Artistas? sei...
Estou falando de obviedades! Mas por que  quase ninguém vê? Já estão tão engolidos pelo maldito capitalismo que todos estão se mordendo de inveja devido ao alto teor orçamental envolvido, espectadores, enquanto a vida escorre por ali? ... e o cérebro cinzento apodrece sedentário.
E o eu? mero mortal erudito, artista, poeta, pintor, filósofo, marginalizado, padronizado,  por dizerem que o que faz não é arte! Mas a arte não vem do surreal? da criação, da realidade inventada, autêntica? Não do que está pronto, manipulado, moldado.
Há uma certa melâncolia nisso tudo! Já dizia chico em nossas conversas:
'Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi. Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir, Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir, Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair. Deus lhe pague. Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir e pelo grito demente que nos ajuda a fugir. Deus lhe pague.' e um pouco mais para nos suportarmos.
Talvez isso me faça mais artista, alimenta o eu, as idéias...
É, estamos marginalizados, drogados, deprimidos, porque transformaram a nossa arte num padrão! Eu não posso mais gritar, eu não posso mais discordar, sou rotulo. É caretisse musical, novela das 9, silicone, modinha. Chega! Por isso prefiro ficar de cá, com meus poetas marginais, e todos aqueles que me mostram a arte pela arte.

Um comentário:

Noh Gomes disse...

Gosto da arte pela arte pelo simples prazer de poder rir ou chorar.

Beijo