sexta-feira, dezembro 25, 2009

epitáfio do momento

Decreta-se duvidoso o momento em que pensas que sou a mesma a todo tempo. Envolve-te em infelizes disfarces repetitivos, falsos, porém de natureza própria, refletidos em vícios explícitos num vago brilho no olhar. Só, em infinitos abismos penetrantes que dilaceram por querer ser outra-coisa, meros devaneios de uma mente orgulhosa.
Sabes muito bem da melodia do momento e dos acontecimentos que modificam-se a cada segundo encaixando a sincronia perfeita do futuro, esse montado por nós e não outros, onde não há volta e os segundos não permanecem, passam, mesmo que tentes forjar tuas falas, figurino e atos..
Depois das feridas que abristes saciei-me com as cicatrizes deixadas por ti: de tom profundo e meloncólico. Deixei de querer fixar-te aqui, pois teu segredo é ser outro quando precisas, anônimo e desconhecido, permanecendo na corda bamba do insante, numa reta sinuosa do tempo, de parto natural banhado a sangue num maldito rastro em que digo sim.
Nada tenho nesse tudo que envolve o momento, este esboçado pelos atos. Não é previsível o retrato do amanhã que está prestes a ser rasgado em pedacinhos ou ser vulto eterno de sonho que se sonha só.
Por isso contorno minhas derrotas, desconhecendo esse alguém que pintastes em mim nesse entranhado do estar, não, ser. Quero mais do que nunca desconectar, rir de teus pateticos atos como rio dos meus, numa viajem qualquer.
A nostalgia é minha neurose, de tudo que fomos, de tudo que iriamos ser e dos pedaços que ficaram pelo caminho, isso só pode ser coisa de quem gosta das cicatrizes que me fizestes, não de quem renova vícios de gosto impregnado ou da mesmisse da tua melodia, do outro eu que te tornastes sem que pudesse perceber, sem saber em que lugar comecei a me perder de ti.
O espelho está refletido nessa noite escura, susto num brilho caótico e intenso, física quantica, obra maldita da guerra contra o inimigo conhecido.
O instante não pode ser capturado, apenas esquecido, num silêncio, pairando nos segundos do tempo, jogado ao vento....