quarta-feira, setembro 16, 2009

Je t'aime

Foi por todas as menobras sinuosas e entorpecentes do destino que se cruzaram novamente. Não era apenas uma troca, tinha algo de intenso, de devaneio, um toque do proibido, uma vontade encarnada. Era aquele gosto diferente que a muito tempo já sentira, aquele gosto doce do desejo, escondido...
Já se conheciam, aquele brilho no olhar...conhecia de outros carnavais, não muito longe apenas o suficiente para não se esquecer........
Logo o corpo rendeu-se as volúpias que pulsavam, em sinápses nervosas ou nesse vinho quente que o percorre por inteiro, lá onde não se tem explicações, apenas se é, se sente.
O toque tornou-se inevitável, a boca era saliva em desejos crônicos, os olhos tímidos tentavam desviar daquele percursso inevitável que em melodia a levavam ao seu encontro. O pecado, esse encarnado desde muito tempo não livrou a cara, consumando aquilo que o universo conspirava e o corpo denunciava.
E logo a embreaguês carregada de liberdade levou ao toque, aquele inevitável. A boca encontra a outra, a mão se rende ao seio e todas as sensações antes esquecidas porém eternamente doces invadem os sentidos, levando-os ao êxtase.
Ela gostava de chocolate, ele de sorvete, Ela gostava da lua, ele gostava do Sol, logo perceberam o quanto eram interessantes um ao outro e que eram o encaixe perfeito.
Em algumas noites ela se perguntava porque demorou tanto pra conhecê-lo assim como ele é, por não se permitir sentir...Quanto tempo demorou...
Até aquele dia, de luar, de eclipse, em que se encaixaram enfim naquele beijo doce e um tanto audaz. E foi aí que as noites se estenderam mais do que deveriam, de vinho ou poesia, noites de desejos carnais, noites de risadas, de deitar junto, de estrelas cadentes, de falar besteiras, de apenas olhar e ver aquele brilho escondido nos olhos, de preencher-se de uma forma ou de outra, de olhar estática o sorriso dele, de cumplicidade, de se descobrir apaixonada, dando flores e frutos - amor, daqueles com cheiro e gosto bom...de história...de se bastarem apenas, no silêncio do depois.
O começo foi tudo aquilo, ambos tinham segredos, mas no calor de dois todos eram revelados e dissipavam-se um a um, foi no dia que aprenderam a ler os sentimentos no olhar e saber exatamente tudo aquilo que queriam dizer sem que fosse dita uma só palavra. Aprenderam a se importar, e a querer arduamente aquele sorriso que só é possível na troca.
Aquilo que carregavam até aquele instante sumiu, todas as lágrimas, todo o futuro,aquele que foi reconstruído dia a dia, len-ta-men-te, para que os dois fossem envolvidos por um só caminho, por onde trilhariam.
Naquele fim de tarde, banhada a ventos de verão em meados de fevereiro fizeram um pacto. Depois de lágrimas vespertinas, de segredos, de descoberta, de declarações... só depois de compartilhar suas dores e alegrias é que se tornariam cumplices, eternos, o que setiam se fortaleceria e se tornaria algo maior...para hoje, amanhã e sempre...E todo 'o antes' seria deixado para não existir mais!
Deitaram, se abraçaram e o calor do corpo revelou tudo aquilo que queriam dizer, num 'pacto secreto'- o qual seguiriam vendados sobre a corda bamba porém sempre em frente e sem medo do que estaria por vir...
De todas as arapucas do destino e de toda aquele gente que não gosta, não quer ver sorrir, nem entende a noite e suas incógnitas muito menos que os sentidos são repletos de surpresas o que sobreviveu foi a intensidade daquilo sentiam.
É difícil gostar de alguém, ela gosta.
E quando ele a pegou nos braços daquele jeito que só ele sabe, no calor de um segundo e sussurrou no ouvido dela - 'eu te amo' ela acreditou e continua...Será que basta? Pra ela basta!

Um comentário:

Yaya Bittersweet disse...

Porque hoje lembrei de tudo isso, de todas as águas que rolaram e de tudo que sentimos depois daquele beijo matutino, que fez meu dia mais colorido!